Amor, olhe para mim (NOVEL) - Capítulo 35

-Episódio 35-

Epílogo

O sol estava quente e agradável.

Heerak e Doseon estavam apreciando o jacuzzi no terraço da cobertura. Heerak disse que era bom entrar no jacuzzi quando havia neblina no início da manhã, ou quando havia uma garoa fina umedecendo o ar. Claro, um dia quente e agradável também não era tão ruim, acrescentou ele.

Doseon tinha curiosidade sobre isso desde a última vez que visitou o terraço. Ele se perguntou por quê havia uma estufa ali, especulando se Heerak estava ou não cultivando alface ou algo do tipo. Agora ele sabia que era ali que ficava o jacuzzi. Como as paredes eram feitas de vidro opaco e espalhado, ele não conseguia ver muito bem o interior da estrutura.

“Heerak,” ele chamou, mas o homem atrás dele não respondeu. Doseon simplesmente olhou para as mãos em volta de sua cintura, silenciosamente colocando sua mão sobre a de Heerak. Suas mãos foram rapidamente levantadas e enroladas no aperto de Heerak, mas ele ainda não lhe ofereceu uma resposta.

Doseon sorriu levemente. “Você ainda está mal-humorado, ainda está com raiva?” ele perguntou.

“Eu acho que me sentirei melhor se te ouvir dizer meu nome mais algumas vezes e se continuar falando comigo sem tentar ser tão educado,” Heerak finalmente disse.

“O que eu deveria dizer? O que você quer ouvir de mim?”

“Qualquer coisa.”

“Você sabe que é difícil para mim.”

Heerak zombou. “Certo, é difícil. Bem, é difícil para mim também, toda vez que te ouço dizer a mesma coisa sempre que te pergunto o que você quer para o jantar.”

Doseon gemeu.

“Você sente minha dor agora?”

Não havia escapatória. Doseon ficou ali sentado, mordendo os lábios com relutância, quando uma risada baixa soou atrás dele. O som finalmente lhe trouxe algum alívio e ele sorriu um pouco.

Quanto mais feliz ele se sentia, mais tímido ele parecia se tornar.

No passado, ele só sentia desconforto nesse tipo de situação, então ele permitia que seu olhar varresse os olhos, lábios, bochechas e sobrancelhas de Heerak sem parar. Sua intenção era guardar a imagem em seus olhos, sem saber quando esse momento terminaria.

‘O diretor disse que gosta de mim’, lembrou a si mesmo. ‘Ele chegou até mesmo ao ponto de dizer que me ama.’

Todas as manhãs, quando ele percebia que Heerak estava dormindo ao seu lado mais uma vez, sua tensão lentamente desaparecia. Ele estava feliz com isso no começo. Agora, ele podia sorrir confortavelmente sempre que Heerak quisesse. Era ainda mais difícil sorrir para ele do que para um estranho, mas Doseon estava melhorando a um ritmo incrível mesmo assim.

No entanto, constrangimento, timidez e desconfiança preencheram o espaço que seu nervosismo começou a desocupar. Isso era um problema. Além disso, depois de tomar consciência disso, os impulsos se acotovelaram violentamente em sua cabeça e se apoderaram dele.

Por que eles brigaram mesmo?

Para ser honesto, dizer que eles brigaram seria um exagero. Foi apenas uma pequena discussão e, pegando emprestadas as palavras de Heerak, era mais parecido com uma discussão entre amantes, por mais embaraçoso que isso fosse de se dizer em voz alta.

De qualquer forma, quando eles brigaram, Heerak estreitou os olhos, o que era algo que ele não fazia há um tempo. Eles brilhavam sinistramente. “Você deveria estar agradecido por ser um beta,” ele disse baixinho, a voz cuidadosamente controlada.

Doseon estremeceu. Ele não conseguiu mover um dedo. Fazia um tempo desde que as pontas de seus dedos formigavam com tanta tensão. Tudo o que ele podia fazer era olhar fixamente para o rosto do homem que se aproximava quando ele começou a sussurrar. “Caso contrário, você já teria sido marcado cem vezes”, disse ele. “Eu teria restringido você até o ponto em que sua vida diária seria impossível de ser vivida sem mim – você nem seria capaz de respirar sem mim.”

Heerak estava falando sério. Seus olhos, voz e mãos firmemente fechadas transmitiam a profundidade de seus sentimentos. Não era nada novo, mas Heerak podia ser muito direto quando queria.

Doseon não queria estragar o humor de Heerak, mas um pensamento surgiu em sua cabeça depois de ouvir a afirmação que Heerak fez. E se Doseon não tivesse dito seus pensamentos em voz alta naquela época? A situação provavelmente teria sido resolvida muito bem. No entanto, porque ele finalmente falou o que pensava, Heerak ficou furioso.

“Você está falando de marcação primeiro?” perguntou Doseon. “Eu pensei que os alfas geralmente ameaçavam as pessoas com seus nós. Eles não dizem, ‘Eu vou engravidar você’, ou ‘Eu vou fazer você ter um filho meu’, ou algo assim?”

Heerak franziu o cenho. “É por isso que os dramas de makjang são problemáticos, tô te dizendo! Betas e ômegas assistem esse tipo de coisa, e eles desenvolvem esse preconceito contra alfas”, disse ele com raiva. “Eu não sei sobre outros bastardos alfa, mas eu não sou assim, ok?”

Zombando, ele continuou. “Quando – se alguma vez – eu tiver uma briga doméstica com você futuramente, e você disser que está farto e cansado de mim, mas que vai ficar pelo bem de nossos filhos, ou que vai esconder isso pelas crianças, quer você esteja brincando ou falando sério, apenas me desafie. Eu vou realmente explodir. Toda vez que imagino esse tipo de futuro, acabo pensando que você deveria estar feliz por ser um beta.”

O homem cuja aparência exterior era a cereja no topo de seus muitos sucessos fazia beicinho como uma criança e reclamava de coisas triviais quando ambos estavam a sós. Doseon dizia que ele parecia fofo todas as vezes, e desta vez não foi diferente. Doseon acariciou seu cabelo e respondeu que não importava qualquer coisa que os outros alfas fizessem, porque ele era o mais bonito aos seus olhos. Depois disso, Heerak deixou sua raiva de lado, mas por causa do que Doseon relutantemente admitiu em seguida, as brigas ainda não tinham terminado.

“Mas uma briga doméstica?” Doseon havia perguntado. “Você ia se casar comigo ou algo assim?”

Heerak explodiu completamente depois de ouvir isso, perguntando se isso era uma pergunta séria. Ele acrescentou que, obviamente, mesmo que eles não acabassem se casando, todos os casais não imaginavam seus futuros casamentos em potencial? “Você e eu claramente temos os mesmos sentimentos, então por que eu sinto que estou sempre indo longe demais?” ele perguntou, chateado e ferido.

Eventualmente, eles entraram no jacuzzi, mas Heerak ainda estava de mau humor.

“Heerak,” Doseon sussurrou.

“O quê?” Ele falou brevemente, mas parecia que ele estava esperando que Doseon dissesse alguma coisa, o que trouxe um riso borbulhante ao peito de Doseon.

Doseon pigarreou desajeitadamente algumas vezes, então lentamente colocou seus pensamentos em palavras. “Sinto muito”, começou ele, “Mas ainda tenho dias em que não consigo acreditar que tudo isso está acontecendo comigo. Às vezes, ainda sinto que estou flutuando entre as fronteiras que separam a fantasia da realidade. Sou compulsivamente paranóico.”

Heerak apenas cantarolou evasivamente.

“Então, o eu do presente não tem tempo para imaginar meu eu do futuro”, continuou Doseon a explicar. “Honestamente… Todas as manhãs depois que abro meus olhos, eu ainda estou absolutamente maravilhado por você estar ao meu lado. Eu acabo me sentindo toda agitado por dentro.”

Ele se perguntou se ele realmente precisava dizer isso. Seu rosto estava vermelho como um tomate, mas ele esperava que a decepção de Heerak tivesse desaparecido.

“Não se preocupe. Vai ficar melhor, mais crível, e em breve você só me terá em seus olhos,” Heerak disse finalmente.

“Terei?”

“Claro,” Heerak respondeu confiante. Então, com uma voz mais alegre, ele disse, “Depois de transarmos mais umas mil vezes? Quanto aos beijos… Você não acha que já demos mais de uma centena deles? Devo, então, estabelecer uma meta de dez mil?”

“Pff.” Doseon explodiu em risadinhas. Sempre que Heerak sussurrava suas brilhantes palavras de conforto, Doseon conseguia dar um sorriso genuíno, apesar de todos os problemas ou preocupações que o sobrecarregam. Heerak era uma pessoa incrível.

“Você acha que ficaremos juntos até lá?” Doseon murmurou sem pensar. Então, ele se segurou. Ele temia que Heerak ficasse chateado novamente, mas a resposta que veio dele foi brilhante.

“Tudo bem se você tiver dúvidas a partir de agora.”

Doseon inclinou a cabeça, perplexo.

“Porque, no futuro, você vai se arrepender de ter duvidado de mim,” Heerak elaborou. “Vou me certificar de que ainda estejamos juntos.” Ele pressionou os lábios nos lóbulos rosados ​​das orelhas de Doseon. Doseon sentiu a nuca esquentar e mordeu o lábio.

Agora que eles estavam assim, Doseon considerou apenas ignorar as dúvidas que surgiam dentro dele todos os dias. Heerak disse que Doseon se arrependeria de suas dúvidas e estava confiante de que conseguiria. Se Doseon iria se arrepender no futuro, ele também poderia se arrepender imensamente. Será que Heerak lhe diria orgulhosamente o que disse quando Doseon sorriu ironicamente, catalogando seu remorso?

Seria esse o futuro que eles compartilhariam juntos?

Não era ruim. Doseon estava bem com qualquer coisa. A coisa mais importante para ele era que eles explorariam esse futuro juntos.

***

Foi difícil para Doseon voltar a dormir. Ele fechou os olhos e tentou ficar quieto por cinco minutos, mas quando isso não funcionou, ele percebeu que era hora de desistir. Ele saiu da cama sem arrependimentos, deixando o quarto com um suspiro.

Era muito espaçoso.

Naquele momento, ele entendeu que uma cobertura tão espaçosa poderia fazer com que seus pensamentos ficassem desordenados. Foi a primeira vez que ele chegou a perceber isso. Era possível que ele se sentisse ansioso mesmo quando não estava cercado por uma multidão de pessoas ou cercado pela desordem. Este foi um sentimento muito bizarro.

Talvez a largura do local não fosse o verdadeiro problema. A estranheza de tudo isso e o constrangimento que ele sentiu ricochetearam em sua cabeça. Tudo podia parecer caótico por causa do quão distraído ele estava.

Antes de sair, Heerak disse a Doseon para dormir bem. Doseon acenou para ele em concordância, mas no final, ele não foi capaz de manter essa promessa. Mesmo que fosse um conselho de Heerak, era impossível para ele seguir.

Desde aquela manhã até antes do almoço, Doseon já sabia dessa breve separação pela qual passariam. Heerak estava reclamando furiosamente sobre seu trabalho desde a noite anterior. Parecia que ele tinha que assistir a uma apresentação que não conseguia mudar a hora ou a data, por mais que tentasse. Usando suas expressões faciais e sua linguagem corporal, ele deixou claro que estava desapontado porque metade de sua preciosa quinta-feira de folga seria desperdiçada no trabalho.

Na verdade, Doseon estava bastante surpreso por Heerak ter conseguido desocupar suas quintas-feiras todas as semanas até agora sem falta. No entanto, ele não disse isso em voz alta para Heerak.

Heerak jurou que ia almoçar junto com Doseon, e que faria o que fosse preciso para voltar até lá. Heerak repetiu suas resoluções enquanto lançava olhares furtivos para Doseon. Ele também deveria ter parecido desapontado ou chateado então? Ele teria, se seus músculos faciais permitissem na frente de Heerak. Ele ainda sentia ocasionalmente aquela ansiedade de parar o coração. Ele precisava de mais tempo antes de poder exibir suas emoções naturalmente. Até agora, conseguiu chegar ao ponto de conversar casualmente com Heerak e chamá-lo pelo nome, e isso por si só fez Doseon querer se elogiar algumas vezes.

Doseon decidiu tomar um banho primeiro.

Enquanto caminhava pelo corredor até o banheiro e o lavabo, ele se deparou com o cesto de roupa suja. Os lençóis que Heerak tirou da cama naquela noite estavam lá dentro. Sentindo-se um pouco envergonhado, ele rapidamente virou a cabeça.

Quando entrou no banheiro, viu mais motivos para sentir vergonha. Desta vez foi por causa de seu reflexo. As marcas em seus ombros e laterais eram mais evidentes do que ele esperava. Não tinha passado mais do que algumas horas desde que elas foram feitas, no entanto. A sensação latejante que ele não tinha sentido antes quando estava deixando o quarto finalmente deixou sua presença ser conhecida em seus quadris e coxas.

Ele sentiu que mais memórias iriam ressurgir, então balançou a cabeça como se quisesse se livrar de seus pensamentos. O rosto de Heerak quando ele gozou, seu sussurro baixo e rosnado passaram por sua mente, fazendo com que a metade inferior de seu corpo reagisse. Seria justo chamá-lo de pervertido neste momento. Ele ardeu de vergonha.

Doseon ligou a água fria e tomou banho rapidamente. Ele não queria desfrutar de um longo banho quente em uma casa sem seu dono. Ele tomou banho a noite, mas em vez dele mesmo se lavar, Heerak o lavou enquanto fazia seus cuidados. Doseon finalmente pôde se sentir limpo depois de ensaboar o corpo todo e lavar o cabelo com xampu.

Quando chegou ao lavabo, Doseon colocou em ação relembrar das coisas que se esforçava para não esquecer. Ele estendeu a mão e pegou o desodorante de feromônio.

Com o passar dos dias, um a um, ele experimentou no tempo que passou com Heerak coisas que nunca havia imaginado que experimentaria em sua vida. Haviam algumas coisas com as quais Doseon se acostumava e algumas com as quais ele sentia que estava gradualmente chegando perto de se acostumar. No entanto, desodorante de feromônio era algo que ele simplesmente não conseguia se acostumar, não importa como isso soasse. Ele esquecia de aplicá-lo com frequência, mas felizmente, Heerak sempre o lembrava, entregando-lhe o desodorante com um sorriso todas as vezes.

Heerak disse que não conseguia decidir o que era pior, remover pessoalmente seus feromônios do corpo de Doseon ou assistir Doseon removê-los por conta própria. Parecia que ambas as opções deixavam Heerak amuado. O melhor método era desodorizar quando Heerak estivesse fora, mas Doseon sempre se esquecia de fazê-lo.

Ele monitorou Heerak se levantando e se preparando para sair pela manhã pelo som. Não foi fácil. Heerak tentou o seu melhor para andar na ponta dos pés com cautela para não fazer um único som que pudesse atrapalhar Doseon, apesar do fato de que ele era o dono do lugar e, portanto, livre para fazer o que quisesse. Quando tentava ouvir atentamente os movimentos de Heerak, ele sempre acabava cochilando. E quando acordava mais uma vez, suas pálpebras se fechavam lentamente novamente, e o tempo passava.

Esta foi a primeira vez que ele pôde observar Heerak se preparando para sair enquanto ele descansava na cama. Quando terminou, ele teve que se preparar para sair sozinho, vagando por essa casa incrivelmente espaçosa sozinho. Essa também foi a primeira vez. Ele achou que se sentiria mais confortável se escapasse rapidamente.

Depois de se preparar, ele abriu a porta e finalmente saiu. Quando saiu, ele sentiu como se pudesse finalmente respirar. Seu destino estava definido. Ele tinha tempo suficiente, então não havia necessidade de se apressar.

A estação de metrô depois da hora do rush estava vazia. O metrô chegou na hora certa e ele entrou, sentando-se. O beta verificou novamente o local que havia pesquisado enquanto estava meio adormecido, desta vez olhando para ele com a mente mais clara. Ele tinha uma ideia aproximada sobre a área geral, mas esta seria a primeira vez que visitaria aquele lugar específico, então estava um pouco nervoso.

Doseon passou apenas dez minutos no Wi-Fi do metrô antes de terminar. Chegou mais cedo do que esperava. Ele pensou em matar o tempo em um café, mas descartou a ideia. Seria seu prejuízo se ele deixasse escapar a oportunidade de seus caminhos se cruzarem enquanto ele estava em outro lugar. Heerak havia dito que voltaria para casa antes da hora do almoço, então era possível que ele saísse mais cedo do que o esperado.

Doseon decidiu esperar um pouco no prédio. Depois de passar pela saída recomendada por seu mapa e caminhar alguns minutos, avistou seu destino. Era a sede de ‘Sartago’, onde Heerak estaria naquele momento.

Ele estava relutante em entrar, mas também não estava com vontade de ficar na frente do prédio, então passou pelas portas de vidro. As primeiras pessoas que o viram lá foram os dois funcionários que trabalhavam na recepção. Havia muitos seguranças parados ou andando pelo saguão. A segurança no prédio era mais rígida do que ele imaginara, então seus ombros lentamente começaram a encolher.

Enquanto Doseon olhava ao redor do saguão, ele fez contato visual com cada um dos funcionários da recepção. Ele não tinha certeza absoluta, mas parecia que eles o reconheceram. Heerak havia postado muitas das fotos que eles tiraram juntos nas mídias sociais recentemente, então qualquer um que o seguisse certamente já sabia quem era Doseon. Ele se sentiu um pouco incomodado por suas expressões amigáveis ​​e baixou a cabeça.

Foi quando ele começou a se arrepender de ter feito essa viagem. Ele estava perturbando Heerak. Doseon estava preocupado que a equipe, com sua grande generosidade, pudesse ter avisado Heerak de sua visita, ele nunca quis incomodar Heerak durante o trabalho dessa forma. Isso estava longe de sua intenção.

Ele estava preso, no entanto. Seria estranho fugir imediatamente depois de entrar. Seguindo um pensamento cuidadoso, Doseon foi até um dos sofás do saguão e sentou-se ali. Assim que o fez, um segurança se aproximou dele. O homem provavelmente iria perguntar o motivo de sua visita. Ele não tinha certeza de como responder.

“O que o traz aqui hoje?” 

Sim, exatamente como ele imaginava.

Doseon examinou o rosto do guarda. Ele não parecia do tipo que iria rir se Doseon lhe dissesse brincando que tinha sido o metrô que o trouxe aqui, mas ele não tinha certeza se deveria mencionar o Diretor Executivo Heerak Cho também.

Nesse momento, o segurança levou a mão ao fone de ouvido. Ele ouviu atentamente, seu rosto severo, antes de olhar para Doseon e fazer uma reverência. “Eu realmente sinto muito”, disse. “Por favor, dê-me licença.”

“Perdão?” Doseon perguntou, confuso. Então, ele começou a acenar com as mãos para tranquilizá-lo. “Não, está tudo bem.”

Essa foi uma reviravolta bastante inesperada.

Enquanto Doseon acenava, uma das pessoas na recepção, com quem ele havia feito contato visual, caminhou em sua direção. Era um jovem com um rosto muito mais gentil do que o segurança. Ele colocou uma xícara de chá verde gelado na mesa de centro e sorriu. Ele continuou olhando para Doseon com um rosto excessivamente gentil e amigável, então Doseon se sentiu ainda mais estranho.

“Desculpe por incomodá-lo. Você não precisava”, disse Doseon.

“Não, por favor, sente-se confortavelmente”, insistiu o funcionário. Ele sorriu mais uma vez antes de retornar ao seu lugar.

Doseon não fazia ideia de que isso aconteceria. Ele ficou um pouco deprimido, certo de que havia agido sem pensar. Ele suspirou para si mesmo, esperando que não fosse muito incômodo para essas pessoas se preocupar com o amante de seu chefe.

Ele estava preocupado com muitas coisas, mas quando pensou na palavra ‘amante’, seu pescoço ficou mais quente. Ele se sentiu mal por não beber o chá que o funcionário havia trazido para ele, então o engoliu. Enquanto ele brincava com seu telefone, os olhos de Doseon se arregalaram de repente.

Ocorreu-lhe que não havia jeito de Heerak sair no primeiro andar. Ele não iria direto para a garagem do subsolo e entraria no carro? Por que ele só percebeu isso agora? Se ele tivesse esperado no subsolo desde o início, não teria incomodado nenhum dos funcionários.

Não, espere. Isso teria sido difícil também. Ele teria sido parado antes que pudesse descer. Além disso, se ele ficasse no subsolo sem nada para fazer, também incomodaria os funcionários que trabalham lá embaixo.

Uau. Nada estava indo do seu jeito.

Doseon soltou um suspiro. Heerak sempre o esperou, então ele queria lhe dar uma grande surpresa, mas não foi tão fácil quanto ele pensou que seria. O que deveria fazer agora?

Nesse momento, o telefone em sua mão começou a vibrar. Era uma mensagem de Heerak. Ele perguntou se Doseon ainda estava dormindo, então disse a ele que tinha terminado o trabalho e que partiria em breve.

Doseon abaixou a cabeça. Parecia que seu grande plano para surpreender Heerak havia falhado. Ele tinha que reconhecer que era hora de encerrar as coisas.

“Venha para o primeiro andar,” ele mandou uma mensagem para Heerak. Foi marcado como lido assim que ele o enviou e nenhuma outra resposta se seguiu.

Não muito tempo depois, veio um burburinho da parte de trás do saguão. Doseon se levantou e se virou. Assim que ele colocou os olhos nos corredores em forma de L, ele viu o rosto de Heerak. Ele podia sentir seus olhos se encontrarem, embora uma distância considerável os separasse. Ver Heerak com seu paletó fez algo em seu peito vibrar e um sorriso escapou no rosto de Doseon. Ficou claro que Heerak correu escada abaixo assim que recebeu a mensagem de Doseon.

“O que está acontecendo?” Heerak perguntou a ele depois de alcançá-lo.

Os olhares dos transeuntes agora atravessavam Doseon, o que o surpreendeu um pouco por dentro. Normalmente, sempre que Heerak estava diante dele, ele ficava tão ansioso que seu coração batia e sua mente não se importava com mais ninguém, mas ele ainda podia sentir os olhos dos outros mesmo agora. Doseon se perguntou se seu corpo havia evoluído ou se ele estava apenas menos nervoso do que antes.

“Eu falhei”, disse ele.

“Huh? Falhou em quê?”

Doseon levantou a cabeça ligeiramente e olhou atentamente para o rosto de Heerak. A forma afiada dos olhos de Heerak se suavizou com um sorriso. Um sorriso incrivelmente brilhante. Doseon podia dizer como ele estava se sentindo sem que lhe contassem.

“Eu ia esperar por você até que terminasse o trabalho – assim como o que você faz por mim e surpreendê-lo com isso também”, explicou ele.

Heerak apertou os olhos com curiosidade. “Mas isso foi um completo sucesso. Não vê que estou super surpreso?”

“Não, é que não era assim que eu imaginava. Eu queria que fosse mais perfeito.”

“Eu realmente não entendo. Já está completamente perfeito.”

“Eu estava planejando esperar por você no primeiro andar e não te dizer onde é que eu estava, diretor. Eu esperava-“

“Espere, só um instante.” Heerak fez um gesto com a mão e deu a Doseon um olhar de soslaio. “Estou genuinamente surpreso com sua visita, mas também estou muito chocado por você estar me chamando de ‘diretor’ e sendo muito educado. Estamos separados há apenas algumas horas. Algo aconteceu durante esse tempo?” Heerak perguntou, sua voz provocante.

Ainda assim, a resposta de Doseon foi firme. “Este não é o seu local de trabalho, Diretor?”

Continua…

Tradução: Sa-Rang & Meniazul

Revisão: Meniazul & Sa-Rang

Qc: Pepita